Contador.
Pós graduado em Direito Tributário pela FGV.
 
  


A ÉTICA POR CONTA

Contam que, num Plano de Contas, houve uma estranha Assembléia Geral com profundas divergências. Foi uma reunião das contas para acertas as contas e ajustar as diferenças:
O Capital Social exerceu a Presidência, porém a Assembléia o notificou de que tinha de ser excluído do Plano de Contas e que deveria renunciar. O motivo? Era demasiadamente estático e só esperava pelos resultados e, além de tudo, prometia o mundo e ainda tinha muito a realizar.
O Capital Social admitiu a sua culpa, porém, por sua vez, pediu a exclusão imediata da conta Caixa, e sem rodeios, alegou que ela era muito interesseira e só queria saber de dinheiro.
A conta Caixa reconheceu estar errada, porém, pediu que também fosse excluída a Depreciação acumulada. Disse que ela era dissimulada e arteira e que gostava de corrigir os demais como se fosse a única conta perfeita.

A Depreciação Acumulada concordou sem pestanejar, com a condição de que fosse excluída a Contas a Pagar. Segundo ela, essa conta não tinha jeito e não dava paz, comprometia todas as reservas e não cansava de cobrar as demais.

A Contas a Pagar não deixou por menos e nem implorou por clemência ou piedade, reagiu exigindo também a exclusão da conta Propaganda e Publicidade. A causa? Era pouco modesta no seu modo de proceder e sempre procurava atrair investimentos objetivando aparecer.
A conta Propaganda e Publicidade alegou inocência e mal entendido, mas se tivesse que sair, sairia juntamente com a Conta Descontos Obtidos. Falou que essa conta não tinha receita e moral para tratar com os recursos e que em todas operações gostava de levar vantagem em tudo.
A Conta Descontos Obtidos procurou um culpado. Acenou com a possibilidade de sair se a Assembléia excluísse a conta Apuração de resultado. Revelou que essa conta era que menos realizava o seu ofício e que só queria trabalhar no final do Exercício.
Nesse exato momento, entrou o Contador. Procurou o computador e iniciou o seu trabalho. Utilizou as contas Caixa, Depreciação Acumulada, Contas a Pagar, Propaganda e Publicidade, Descontos Obtidos, Capital Social e no final fez a apuração dos resultados. Finalmente, após horas de trabalho árduo, os lançamentos se transformaram num Balanço Patrimonial.

Quando o Escritório de Contabilidade encerrou o expediente, ao final do dia, imediatamente a Assembléia Geral retomou a deliberação. Foi então que num raro momento de lucidez sem se importar com a questão da inadimplência, a Provisão para Devedores Duvidosos, citando o princípio da prudência, tomou a palavra dizendo: “ Senhores, não adianta ignorar os acontecimentos. Ficou claramente demonstrado que todos temos defeitos. Contudo, o Contador trabalha com nossas qualidades e não se importa se não somos perfeitos.”
A Assembléia Geral das Contas chegou então a conclusão de que afinal de contas o Capital Social fazia a diferença no Patrimônio Líquido. A Conta Caixa era importante porque controlava as entradas e saídas e ainda por cima arranjava tempo para o Fundo Fixo. A Depreciação Acumulada corrigia para mostrar a realidade do Imobilizado. A Contas a Pagar era responsável no planejamento das obrigações mostrando a importância de pagar dentro do prazo. A Propaganda e Publicidade cuidava da imagem de todos sem fazer qualquer tipo de discriminação. Os descontos obtidos eram imprescindíveis no momento da negociação. A Apuração de Resultado, apesar de ser conta transitória, tinha um papel fundamental na elaboração do Balanço Patrimonial. A Assembléia Geral considerou todas as denúncias infundadas e frutos da maldade e decidiu que todos os envolvidos deveriam permanecer na Contabilidade...

Pode ser fruto da imaginação. Mas acontece com muitos que querem apenas um lugar no disputado mundo da nossa realização. Deixamos de acreditar que o sol nasce para todos para concluir que são poucos que têm direito a perspectiva de alcançar o sucesso no exercício da profissão. É mais fácil enlamear o nome dos concorrentes do que conquistar com o tempo o respeito e a aceitação de todos os clientes. Às vezes acontece até com àqueles que amam do fundo do coração. Como disse Antoine de Saint-Exupéri: “a experiência mostra que amar não é olhar um para outro, mas olhar juntos na mesma direção”.

Colaboração:
Rodivaldo Brito do Espírito Santo
Contador, Perito, Auditor e Professor Universitário

BALANÇO

Preparar a Declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física, cujo prazo de entrega se encerra no dia 29/04/2005, é um exercício de análise minuciosa dos gastos, confrontado com os rendimentos percebidos. Verificar qual a melhor alternativa de declarar exige técnica, que os contabilistas estão preparados. Inventar dados, para pagar menos imposto ou ter uma restituição maior, é crime. Em Brasília várias pessoas foram chamadas para explicar esses artifícios utilizados, e que como penalidade, além da multa de 225%, ainda responderão por processo criminal.

Marcelo Menezes de Faria, Contador – CRC/Pa 6337
mmfaria@dynamicconsulting.com.br