Contador.
Pós graduado em Direito Tributário pela FGV.
 
  


CONTABILIDADE E FINANCEIRO

Tenho vivenciado com uma certa apreensão e muita intranqüilidade, a magnífica confusão que muitos empresários fazem entre os aspectos financeiros e contábeis de seus empreendimentos, acreditando que os fatores financeiros sejam os mais importantes, pois demonstram de imediato a liquidez do negócio (dinheiro em caixa ou a falta dele).

É extremamente perigoso acreditar que um negócio está sendo lucrativo pelo simples fato de sobrar dinheiro no fim de um período. Suponhamos que uma determinada empresa mercantil (compra e venda de mercadorias) efetue suas compras com prazo de pagamento aos seus fornecedores de 30 dias, e que suas vendas sejam recebidas praticamente à vista. É prudente pensar que parte daqueles recursos recebidos não pertençam à empresa (pois servirão para pagar os fornecedores e os impostos incidentes sobre a venda). Essa visão financeira simplista é extremamente perigosa, pois se não forem levados em consideração os fatores contábeis da transação, e a visão financeira persistir para determinar o lucro do empreendimento, pode ocorrer uma solução de descontinuidade do negócio por incapacidade de honrar os compromissos assumidos.

Um outro exemplo consiste em um determinado empreendimento investir parte dos seus recursos na aquisição de bens móveis e imóveis (carros, terrenos, imóveis, móveis de escritório, equipamentos de informática, etc), que tecnicamente não são considerados despesas. No fim de um período determinado o Contador atesta lucro no negócio, entretanto, o empresário não visualiza aquela informação no seu caixa (dinheiro), esquecendo os investimentos que efetivamente fez, não dando crédito à informação técnica. Por vezes o lucro é atestado com a empresa possuindo um caixa negativo, isso é, utilizando recursos dos sócios ou dos bancos (empréstimos), e é, então, nessa ocasião, que o dono do negócio passa a querer entender um pouco mais da informação contábil, ou definitivamente a desacredita por completo, achando, uma vez mais, que é a sua visão financeira a correta.

Tenho me deparado com clientes, até do exterior, que acreditam que a contabilidade de seus negócios consiste na mera escrituração dos valores recebidos e daqueles gastos, esquecendo a análise dos números, o retorno dos investimentos, o ponto de equilíbrio, o endividamento, enfim, a boa e vital técnica contábil. Esse, provavelmente, deve ser o motivo da grande mortandade de empresas ainda na sua fase de infância (no máximo três anos de existência), e da asfixia financeira de outras tantas, que não valorizam adequadamente a informação contábil, acreditando que “meter a mão no bolso e encontrar dinheiro, é porque as coisas andam bem”, mas os problemas já são quase insolúveis, quando o dinheiro já não é mais encontrado.

A informação contábil é que identifica onde foram aplicados os recursos de um empreendimento (desde que adequadamente registrados), mostrando que eles não estão no caixa ou nos bancos, mas em imóveis, instalações, participações em outras empresas, equipamentos, móveis, enfim, aplicados de outra forma, que muitos não conseguem enxergar. Mas, para que tudo isso possa ocorrer, é necessário planejamento, organização, controle, coordenação, técnicas administrativas que auxiliadas pela informação contábil conduzem uma empresa ao estrelato.
Essa desacreditada informação técnica contábil, é a que vai eximir a empresa em questões fiscais e judiciais, pois detalha todas as operações do negócio, protegendo-a contra arbitramentos do fisco. Acontece que muitos profissionais baseiam-se em uma escrituração simplificada das transações empresariais, procedimento esse que atende perfeitamente a questões puramente fiscais, entretanto, no tocante ao lado previdenciário e civil, o empreendimento deixa muito a desejar, correndo um sério risco de descontinuidade. Além do mais, as empresas que não adotam a escrituração contábil, jamais serão capazes de emitir um Balanço Patrimonial, que atenda aos requisitos legais. Assim, por mais que o negócio seja micro, deve-se pensar como grande, pois no caso de um crescimento, ele não será desordenado, nem trará surpresas desagradáveis, ao contrário, elevará o conceito da entidade e imporá respeito às autoridades fiscalizadoras e judiciais, pois traduzirá profissionalismo, elevando a atividade contábil, exponencialmente, no seio da sociedade empreendedora.

BALANÇO

Termina no próximo dia 30 de junho, o prazo para apresentação da Declaração do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas, relativas ao ano calendário 2003. Nessa ocasião, todas as empresas tributadas pelo Lucro Real ou Presumido têm a sua vez de acertar as contas com o leão. *** A distribuição de lucros aos sócios, acionistas ou titulares de empresas é isenta do Imposto de Renda. Planeje-se, e pague menos imposto. Consulte o seu Contador. *** O recadastramento das empresas portadoras de Inscrição Estadual no Pará, também termina no dia 30 de junho. Não perca o prazo.


Marcelo Menezes de Faria, Contador
mmfaria@dynamicconsulting.com.br