Contador.
Pós graduado em Direito Tributário pela FGV.
 
  

Contabilidade Ambiental

A preocupação com o meio ambiente está cada dia presente na sociedade. As pessoas já procuram analisar as conseqüências ecológicas de determinado empreendimento, aliadas à forte presença da mídia nesse setor, que influencia demasiadamente na maneira de ver as coisas. O que não se deve deixar acontecer, entretanto, é a estagnação industrial ou a ausência do seu crescimento, meramente por uma visão distorcida do meio ambiente, que deve permanecer intocado. E isso vem ocorrendo, deixando de gerar milhares de empregos. A visão xiita ambiental (radicais ecológicos), engessa a atividade produtiva no país, alegando como pano de fundo, a preservação ambiental, que acaba contaminando mortalmente novos empreendimentos.

A obtenção de uma licença ambiental no Brasil demora em média dois anos, enquanto que em países como China, Índia e Rússia, esse prazo não passa de seis meses. Daí se justifica o crescimento anual contínuo e extraordinário desses países, tão emergentes quanto o Brasil, mas que investem em indústria de base. Tanta dificuldade merece um tratamento diferenciado, do ponto de vista contábil, tendo em vista os reflexos advindos de tal atitude. E nesse momento a contabilidade passa a trilhar um novo caminho, repleto de desafios e com muito pouca literatura sobre o tema. A mensuração de um fato ambiental passa a ser buscado insistentemente.

Mas o que são Ativos Ambientais? São todos aqueles gastos inerentes à aquisições de bens e direitos relacionados à tecnologia limpa, ou seja, todos os investimentos que visem a preservação, a recuperação ou a manutenção/monitoramento do meio ambiente, incluídos, nesse contexto, por exemplo, uma estação de tratamento de resíduos líquidos, que teria por objetivo a depuração de determinado efluente antes que chegue ao meio ambiente. Nessa mesma linha de raciocínio, podemos definir Passivos Ambientais, por exemplo, como os financiamentos para aquisição de bens de tecnologia limpa, ou indenizações ambientais a pagar. Os Custos/Despesas Ambientais são representados por aqueles desembolsos inerentes à atividade da empresa no seu trato com o meio ambiente, como por exemplo, insumos ambientais, multas ambientais, treinamentos sobre o meio ambiente, serviços florestais, aquisição de mudas de árvores para replantio, etc.

Como se pode observar, a informação contábil-ambiental tem características eminentemente gerenciais, advindas da correta implantação de um plano de contas, que vislumbre a atividade ecológica da empresa sem perder a noção de que os fatos relacionados ao meio ambiente, também se constituem em despesas, ativos ou passivos que atendam à legislação societária e imposto de renda. Isso quer dizer que outras informações, além das usualmente publicadas, podem ser geradas acerca dos negócios de uma determinada entidade, bastando que consulte o seu Contador acerca da matéria. Tal prática já está bastante difundida mundialmente, e, no Brasil, algumas grandes empresas já as divulgam dentro do seu Balanço Social, embora de uma forma bastante sintética.

O meio ambiente é extremamente belo e seus recursos são finitos, e essa consciência precisa estar presente no dia a dia das pessoas, não como um pensamento eco-xiita mas de uma maneira ecodesenvolvimentista, que consiste em usar os recursos ambientais de uma maneira sustentável, ajudando a natureza a se renovar, garantindo assim a beleza e o desenvolvimento dos negócios ecológicos. No sul do Brasil firmam-se inclusive parcerias, onde uma empresa investe em uma determinada área de outro empreendimento, pensando no amanhã, constituindo verdadeiras reservas naturais a serem exploradas racionalmente no futuro, e criando uma consciência ecológica, de associação com a natureza, com vistas à sobrevivência de ambas.

A Contabilidade, nesse escopo, vem fornecer aos seus usuários (diretores, funcionários, governos, investidores, sociedade), as informações acerca dessa preocupação interdependente com a natureza, buscando a eco-eficiência dos seus recursos, uma vez mais solidificando a sua condição de ciência social.


BALANÇO

No dia 06 de julho próximo passado, tomou posse a nova diretoria do SESCON – Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis, com grandes planos e desafios para o seu mandato. *** No tocante ao meio ambiente, a campanha das férias de julho desse ano, na maioria dos balneários, tem uma vasta programação de conscientização ambiental. Tome nota e aprenda. *** A Petrobrás, enquanto espera a autorização dos órgãos ambientais, gasta em torno de 1 milhão de dólares por mês com a estocagem dos materiais a serem utilizados na duplicação de um de seus gasodutos. É muito dinheiro desperdiçado devido ao marasmo dos xiitas ambientais.

Marcelo Menezes de Faria, Contador
mmfaria@dynamicconsulting.com.br