A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE INTERNO PARA A EMPRESAS?

Ao longo de minha vida profissional tenho me deparado com inúmeras situações em todos os níveis das organizações administrativas e tento sem a pretensão de retratar tema inolvidável, pelo contrario, objetivo tão somente apresentar de forma resumida e mediante minha vivência de alguns bons anos como auditor interno, tanto na condição de empregado como de empregador, a relevância dos controles nas estruturas administrativas das empresas caracterizados na maioria delas pela existência de controles ineficazes e muitas das vezes por sua total ausência, resultado da importância que os gestores dispensam aos controles internos, se não vejamos:

• esse pessoal da auditoria, fica cobrando consistência dos relatórios, melhor fluxo documental, entrosamento entre os setores a fim de que a informação seja ágil e fidedigna para a melhor tomada de decisão por parte dos gestores. Pura burocracia, o importante é produzir e vender..,

...se o meu estoque e o imobilizado estão aumentando significa que estou lucrando...

•.se o fluxo de caixa é positivo está tudo bem...

meu pessoal trabalha comigo há muitos anos; é como se fossem da família, esse negócio de controle vai é gerar um mal estar danado, vão achar que estou desconfiando deles.,.

...estou sendo roubado, só existe ladrão em minha empresa, pois minhas vendas estão boas, meus estoques diminuem e não vejo este dinheiro...

Via de regra é com essa atitude e forma de pensar que muitas organizações estão pautadas. E óbvio que isso se torna cultura, dessa forma essas empresas nascem e entram em operação sem ter metas e objetivos definidos e quando os têm os setores têm suas metas individualizadas e dissociadas do sistema organizacional, o que invariavelmente redunda em não atingir as metas da organização. Muitas das vezes o resultado disso é a descontinuidade do negócio, ou melhor, se criou a empresa sem estar preocupado com sua continuidade, pois o objetivo era a mera especulação.

Respeito, mas não aceito, quando gestores dizem ter seus ativos locupletados pelos empregados, em conluio ou não, e contratam consultorias para salvaguardar e encontrar os culpados, e assim puni-los. Para mim essa conduta resume-se em jogar a sujeira debaixo do tapete, pois a causa do problema, longe de ser resolvida, está apenas se solidificando. É mais fácil sair demitindo os fraudadores (isto quando se consegue comprovar), pois para uma empresa que não tem as responsabilidades bem definidas e formalizadas fica muito difícil encontrar o culpado.

Portanto é mais cômodo adotar medidas paliativas do que criar um sistema de controle, mediante o estabelecimento de diretrizes e normas, criação de um código de ética, devidamente seguido, elaboração de procedimentos padronizados e de uma política de recursos humanos o que faz lembrar sem querer filosofar, as cinco funções da administração: Planejamento, organização, controle, comunicação e motivação.

Entendemos que o controle não pode ser responsabilidade de um ou de alguns setores específicos, tipo: Contabilidade e Auditoria. O controle deve ser responsabilidade de todos na organização, pois a interdependência/interfaces entre os setores deve ser pautada em uma relação de parceria, pois a defasagem de uma afeta o desempenho das demais. Se não vejamos o caso do setor de compras que flexibiliza vendas, o setor de suprimentos que viabiliza o planejamento da produção, o setor financeiro que viabiliza e flexibiliza os investimentos na área produtiva e comercial, a contabilidade que apresenta os resultados presentes e as projeções mediante as quais os gestores avaliam a saúde econômica e financeira do negócio, o setor de recursos humanos que adquire e prepara a mão-de-obra para os demais setores a fim de que os mesmos possam contar com o melhor e assim atingir as metas traçadas, o setor de informática como prestador de serviços por excelência racionalizando os processos e produzindo informações em tempo real para todos os setores.

Entender algo diferente dessa realidade, em tempos de globalização, pode ser um erro que via de regra inviabiliza o negócio. Nesse sentido a informação é a alma do sistema de controle. É, portanto, um sistema de feedback que diz respeito às metas da organização, estabelecidas no planejamento indicando aos gestores mediante comparação das metas atingidas com as metas almejadas e objetivos; comparando a performance atual com o planejamento e os padrões de desempenho.

A informação é a alma de todo o sistema, e a responsabilidade pela produção de um sistema de informações adequado deve ser a suprema preocupação do gestor. Assim, controlar é medir padrões, comparar metas, avaliar resultados, fiscalizar eventos. Não se concebe mais um negócio dito e tido como sério sem que sua concepção esteja pautada na existência de um bom sistema de controle interno, procedimentos operacionais padronizados; um bom programa de recursos humanos; um código de Ética.

Colaboração:
Nélio Augusto Dantas Elias - Contador
Sócio de A & C Auditoria e Consultoria
Prof. - Universitário
Diretor do Instituto de Auditores Internos do Brasil - Audibra
Membro do IIA – The Institute Internal Auditors.